Quem renega seu passado fica sem história. Vira personagem de um faz-de-conta capenga, tropeçando nas ilusões de uma ficção mal escrita.
A coisa mais preciosa que temos é a nossa história de vida: andanças pelo mundo, identidade construída.
A primeira boneca, o carrinho que o pai comprou, as aulas de matemática, horas sofridas, e o recreio, sempre curto demais...
O primeiro amor, o beijo desejado e, em seguida, festejado, o corpo querendo descobrir tudo. A primeira dor de amor, o coração aos pedaços, desiludido, e uma baita vontade de morrer.
A formatura do colégio, a despedida dos amigos, a ida à faculdade: sair de casa, morar sozinho, conhecer um mundo diferente.
Formar-se na faculdade, despedir-se de novo de outros amigos e a ida ao trabalho (ou à procura dele). Amizades novas se desenhando, e as de infância na lembrança se acomodando.
Novos amores maduros.Velhas inseguranças e marcas, vida seguindo em frente.
Agora, pergunto eu a vocês, como podem insistir em querer apagar o passado de uma vez?
Mas, se ainda assim, resolverem esquecer-se de quem são, sigam em frente, que eu não os impeço, não.
Cumpri meu dever, de tudo fiz para desta ideia os demover. Mas paciência... Cada um é responsável por si e pelas escolhas que faz.
Se quiser viver sem história, que tente viver em paz.
[Texto escrito por mim em 2007, originalmente em versos. Mas como acho que a vida é prosa-poética, eis a razão porque não o mantive como poema. ]
Um comentário:
Texto guardado não vale, injustiça conosco. Agora, compartilhado, tem nova vida. Sendo passado, agora é presente. Não mais esquecido ou não sabido para todos, não mais guardado na intimidade da memória de sua escritora. Agradeço as palavras liberadas. As palavras também agradecem.
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