Sobre o blog

Vida de ponto-e-vírgula: o modo de vida assim nomeado define-se negativamente: não é ponto, mas também não é vírgula. A vírgula alterna as coisas com muita rapidez. O ponto final é sisudo, sempre encerra períodos! Bem melhor ser ponto-e-vírgula: uma pausa que não é definitiva, e uma retomada que sempre pode ser outra coisa...



sexta-feira, 29 de maio de 2009

Frase blergh da semana






“ O empreendedorismo é a capacidade de vencer na adversidade, de vencer sozinho, contra tudo. É a prova do talento pessoal e da capacidade individual”.



Roberto Justus, ontem, na final do reality show Aprendiz 6 universitário, que deu o prêmio de 1 milhão de reais a uma estudante de 20 anos, junto com um cargo de trainee em uma agência de publicidade de propriedade do apresentador, com um salário de 10 mil por mês.

Tá frio aqui…









imagem: julia's perspective; Flickr.

“tá frio, tá tempestade, tá chovendo
muito mais
triste é a chuva do nosso
coração…”


( Juvenar - Karnak.)

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Eu quero







pudim de leite

dormir de conchinha

passar no concurso

terminar minha pós

ver mais os amigos

trabalhar na área

receber carinhos

ter ideias novas

aprender a não perder tempo

ir à praia

tomar sol

roupas novas

um note

internet sem fio

massagem

casar

cheiro de chuva




terça-feira, 26 de maio de 2009

Papel higiênico "from hell"

imagem: BBC


Sabe o filme O Chamado?
Então, o autor dos livros que inspiraram a película teve uma ideia no mínimo bizarra: lançar contos de terror impressos em papel higiênico. Isso mesmo. A história gira em torno de um espírito do mal que mora numa privada.

Ir ao banheiro nunca foi tão bizarro. Coisa de japonês.



domingo, 24 de maio de 2009

Passado presente

Quem renega seu passado fica sem história. Vira personagem de um faz-de-conta capenga, tropeçando nas ilusões de uma ficção mal escrita.

A coisa mais preciosa que temos é a nossa história de vida: andanças pelo mundo, identidade construída.

A primeira boneca, o carrinho que o pai comprou, as aulas de matemática, horas sofridas, e o recreio, sempre curto demais...

O primeiro amor, o beijo desejado e, em seguida, festejado, o corpo querendo descobrir tudo. A primeira dor de amor, o coração aos pedaços, desiludido, e uma baita vontade de morrer.

A formatura do colégio, a despedida dos amigos, a ida à faculdade: sair de casa, morar sozinho, conhecer um mundo diferente.

Formar-se na faculdade, despedir-se de novo de outros amigos e a ida ao trabalho (ou à procura dele). Amizades novas se desenhando, e as de infância na lembrança se acomodando.

Novos amores maduros.Velhas inseguranças e marcas, vida seguindo em frente.

Agora, pergunto eu a vocês, como podem insistir em querer apagar o passado de uma vez?

Mas, se ainda assim, resolverem esquecer-se de quem são, sigam em frente, que eu não os impeço, não.

Cumpri meu dever, de tudo fiz para desta ideia os demover. Mas paciência... Cada um é responsável por si e pelas escolhas que faz.

Se quiser viver sem história, que tente viver em paz.

[Texto escrito por mim em 2007, originalmente em versos. Mas como acho que a vida é prosa-poética, eis a razão porque não o mantive como poema. ]

sábado, 23 de maio de 2009

Pergunte à Maisa

foto: uol


Amanhã, domingo, 24 de maio de 2009, a menina Maisa não participará do Programa Silvio Santos.
"A decisão foi tomada pela juíza Ana Helena Rodrigues Mellim, de Osasco, em São Paulo, que cassou o salvo-conduto (licença) dado ao SBT para que a menina participasse do quadro ‘Pergunte a Maisa’. " (A Tarde on line)

***
Maisa continuará apresentando o Domingo Animado.

Sobre o que não podemos falar...

... passamos em silêncio.

Gilles Deleuze.



("ce que nous ne parlons, nous doit franchir en silence.".)


sexta-feira, 22 de maio de 2009

Devires

A razão por que escrevo não é uma só. É plural. São razões. Muitas e várias. E também se poderia dizer que há nisso um tanto de desrazão: o porquê da minha escrita tem algumas razões que provavelmente desconheço.

Os psicanalistas ensinam que somos guiados por determinações inconscientes. Por mais que isso nos desestabilize, por nos tirar do comando, não deixa de fazer sentido (pra mim faz). Quem nunca precisou dizer: “eu não sei fazer música, mas eu faço, eu não sei cantar as músicas que faço, mas eu canto”?

Esta música dos titãs ilustra bem o que quero dizer. Eu não sei escrever, eu não sei exatamente por que escrevo, eu só sei que escrevo. E não o faço só para mim, mas para o outro. Não quero falar sozinha (ainda não cheguei a tanto, rs). Quero que falem comigo, quero respostas, feedbacks (pra usar um termo das ciências cognitivas). Nossa, hoje eu estou acadêmica demais. Será?

Voltando. A própria escritura deste texto só se justifica porque suponho que ele será lido por alguém. E mais do que uma suposição, há aí um desejo. Desejo meu de que outros desejem minha escrita.

O que é o desejo? Bem, eu poderia falar de um desejo fundamental, o desejo do neurótico, o desejo fundado por uma falta primordial. Eu poderia psicanalisar meu desejo.

Mas não. Eu quero falar de um desejo imanente, de um desejo fundado no campo da experiência cotidiana. Um desejo que hoje é desejo de leitura e de escrita, mas que pode vir a ser desejo de outra coisa amanhã. Um desejo-devir.

Gosto de Deleuze. As idéias que exprimi no parágrafo anterior são inspiradas nele. Não sabia que Deleuze tinha escrito sobre o ato de escrever, mas acabo de descobrir (e não nego que fiquei absolutamente surpresa pelo que encontrei ser exatamente o que estou tentando dizer aqui desde o início). Vejam:

“Acho que escrever é um devir alguma coisa. Mas também não se escreve pelo simples ato de escrever. Acho que se escreve porque algo da vida passa em nós. Qualquer coisa. Escreve-se para a vida. É isso. Nós nos tornamos alguma coisa. Escrever é devir. É devir o que bem entender, menos escritor. É fazer tudo o que quiser, menos arquivo. Respeito o arquivo em si. Neste caso, sim, quando é arquivo. Mas ele tem interesse em relação a outra coisa. Se o arquivo existe é justamente porque há uma outra coisa. E, através do arquivo, pode se entender alguma coisinha desta outra coisa.” (Giiles Deleuze).

É isto o que queria dizer hoje.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Surto

De repente me deu um surto de poesia. Que bom!

Aqui postei, por enquanto, só uma.

As demais estão no Brusca Poesia.

Ainda não sei se as colocarei aqui. Lá é o lugar delas.

Se bem que poesia cabe em qualquer lugar...

E eu não caibo em mim.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Poema Concreto

pedreiros

tijolo pedra

pá pedreiro prego:

prédio

presídio

prisão.

Fraco de fome

Cimentando a dor

bóia-fria, trabalhador.

Bia Loivos.

O choro de Maísa

Indignação. Esta é a palavra. Podem-se somar a ela algumas outras: perplexidade, abuso, violação, desrespeito... Tudo isso está em jogo na polêmica envolvendo a menina Maísa e o apresentador Silvio Santos. Já é notícia em vários jornais, o vídeo está na internet para quem quiser ver com seus próprios olhos.

No auditório, pessoas riem, incitadas por Silvio Santos, enquanto a menina-revelação Maísa, de apenas 6 anos, chora copiosamente pelas humilhações a que seu chefe a submete. E não é a primeira vez.

150_1955-maisa

Ontem mesmo, enquanto voltava do curso de Psicologia Jurídica, conversava com duas colegas a respeito do absurdo desta situação.Os argumentos que apresentei então são os mesmos que sustento aqui:

1. trata-se de uma criança de 6 anos trabalhando (por ora, não importa se é na TV ou no sinal da esquina, vendendo bala);

2. a Constituição de 88 e o Estatuto da Criança e do Adolescente são claros: trabalho infantil é proibido.

3. o ECA ainda dispõe sobre o direito ao respeito, que é descrito no art.17 da seguinte forma:

Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
E, a seguir,
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

4. é no mínimo curioso notarmos que, quando se trata de uma criança pobre vendendo bala no sinal de trânsito, os Conselhos Tutelares caem em cima, responsabilizando os pais, acionando a Justiça para que retire o "menor" da rua e lhe dê o tratamento adequado (e aí podemos questionar, dependendo do rumo que a coisa toma, se é adequado mesmo e para quem?); mas, por outro lado, quando o assunto são crianças de classe média, trabalhando em novelas ou em programas como o de Silvio, por que achamos natural e não falamos nada?

Podem dizer que estou sendo simplista, e argumentar que a criança pobre é explorada pelos pais, na maioria das vezes está fora da escola e, portanto, vários de seus direitos já foram violados. Sim, isso pode ser verdade em muitos casos, não estou negando isso. Mas por que é necessariamente falso afirmar isso com respeito às crianças da TV? Um caso como o de Maísa deixa claro que também estamos diante de não apenas uma, mas muitas violações ao princípio da Proteção Integral, preconizado tanto pela Constituição como pelo ECA.

Felizmente, parece que o Ministério Público de São Paulo vai acionar na Justiça o apresentador Silvio Santos e talvez o programa seja retirado do ar. Isso pode ensinar ao Silvio que, se a emissora é dele, não é por isso que ele pode fazer o que quer em nome da audiência.

Mas espero, principalmente, que este episódio lamentável ensine à sociedade brasileira a cuidar melhor de suas crianças. E que não fiquemos como espectadores embasbacados, assistindo ao espetáculo patético do desmantelamento de nossos valores éticos e morais.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Jazz e Blues


Contagem regressiva para o Festival de Jazz e Blues de Rio das Ostras: 10 a 14 de junho de 2009.


Veja a programação aqui.
Foto: upload feito por Whidee, originalmente em Flickr.




sábado, 16 de maio de 2009

Encontros


Encontrei a palavra

(encontrei-me com ela):

o ponto-e-vírgula é meu blog mais


autoral.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Vida de menina ruiva

Se o Charlie Brown tem uma vida assim, como posso dizer, meio frustrada, e todo aquele humor cabisbaixo, uma baixa auto-estima característica de gente que parece viver um eterno ‘bad day’, o que dizer da namorada dele, a menina ruiva? Bem, se a expressão “vida de Charlie Brown” logo denuncia do que estamos falando, o mesmo não deveria ser diferente para “vida de menina ruiva” , ou, “vida de namorada do Charlie Brown”.

itsyourfirstkisscharliebrown

Meu namorado costuma brincar que leva uma vida de Charlie Brown, quando está naqueles dias de desventuras em série; então, eu, como sua namorada, brinco que sou a menina ruiva quando estou em um dia assim também.

Hoje vivi um momento “menina ruiva” total! Imaginem que recebi uma ligação da produtora do MTV Debate, que havia lido aqui mesmo no blog aquele post sobre Toque de Recolher, me perguntando se eu não queria participar ao vivo, por tel, durante o programa (que acabou há poucos minutos). “Tá”, eu disse, “pode ser, será um prazer”.

Daí em diante, ansiedade tomou conta, espalhei a notícia pelo twitter, msn, fiz as pessoas ligarem a TV, sintonizarem na MTV e esperar.

Esperaram, esperei eu também. Daí, o telefone toca de novo. Com um frio na barriga, atendo. “Oi, tudo bem, se sou pedagoga? Não, sou psicóloga… Se sou contra ou a favor do toque de recolher? Sou contra!” Daí a ligação caiu! Pasmem, mas foi o que aconteceu.

Resumindo: não fiz minha participação ao vivo no programa do Lobão. Pelo menos a tremedeira passou :).

Obrigada, Julia, por ter se interessado pelo blog e pela minha opinião, mas não foi dessa vez…

sábado, 9 de maio de 2009

O mundo

(Zeca Baleiro, Lenine, Chico César e Moska)

O mundo é pequeno pra caramba
Tem alemão, italiano, italiana
O mundo filé milanesa
Tem coreano, japonês, japonesa
O mundo é uma salada russa
Tem nego da Pérsia, tem nego da Prússia
O mundo é uma esfiha de carne
Tem nego do Zâmbia, tem nego do Zaire
O mundo é azul lá de cima
O mundo é vermelho na China
O mundo tá muito gripado
O açúcar é doce, o sal é salgado
O mundo caquinho de vidro
Tá cego do olho, tá surdo do ouvido
O mundo tá muito doente
O homem que mata, o homem que mente
Porque você me trata mal
Se eu te trato bem
Porque você me faz o mal
Se eu só te faço o bem

Todos somos filhos de Deus (todos somos filhos deDeus)
Só não falamos a mesma língua.. Everybody is filhos de God (Everybody is filhos de God)
Só não falamos a mesma língua ...Everybody is filhos de Ghandi (Everybody is filhos de Ghandi)Só não falamos a mesma língua..Todos somos filhos de Deus (todos somos filhos de Deus)
Só não falamos a mesma língua..

sexta-feira, 1 de maio de 2009

ABL lança Prêmio Euclides da Cunha

"A Academia Brasileira de Letras acaba de instituir o Prêmio Euclides da Cunha, a ser atribuído neste ano de 2009, em que se comemora o centenário da morte (15 de agosto de 1909) do autor de “Os Sertões”, Acadêmico natural do município fluminense de Cantagalo onde nasceu em 20 de janeiro de 1866. Na ABL, Euclides da Cunha foi o segundo ocupante da Cadeira 7, eleito em 21 de setembro de 1903, na sucessão de Valentim Magalhães e recebido em 18 de dezembro de 1906 pelo Acadêmico Sílvio Romero. O Prêmio, no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), será conferido ao melhor livro, inédito ou publicado depois de 10 de janeiro de 1999, sobre a vida ou a obra de Euclides da Cunha."

Saiba mais no site da Academia.