Sobre o blog

Vida de ponto-e-vírgula: o modo de vida assim nomeado define-se negativamente: não é ponto, mas também não é vírgula. A vírgula alterna as coisas com muita rapidez. O ponto final é sisudo, sempre encerra períodos! Bem melhor ser ponto-e-vírgula: uma pausa que não é definitiva, e uma retomada que sempre pode ser outra coisa...



sábado, 31 de outubro de 2009

Antes do pôr do sol

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Os frequentadores deste blog sabem que meu hobby é fotografia. Agora revelo um de meus cenários favoritos: o pôr do sol! Este aí foi ontem, na praia de Itacoatiara, Niterói. Simplesmente tudo!

O título é uma referência a um filme que adoro, do diretor Richard Linklater, com Ethan Hawke e Julie Delpy como protagonistas.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Ato Médico é aprovado na Câmara

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O PL n° 7.703/06, conhecido como Ato Médico, foi aprovado pela Câmara dos Deputados no último dia 21 de outubro. O substitutivo aprovado, de autoria do deputado Edinho Bez (PMDB-SC), define e regulamenta as atividades privativas dos médicos, mas não esclarece diversos pontos de conflito.

O Projeto de Lei foi apresentado em 2001 no Senado, onde foi aprovado em 2005, sendo encaminhado para a Câmara. Como foi modificado na Câmara, agora retorna ao Senado e, caso seja aprovado, será enviado para análise do presidente da República, que pode vetá-lo ou sancioná-lo.

O texto aprovado apresenta questões polêmicas. Mantém, por exemplo, que somente médicos podem exercer a direção e chefia de serviços médicos, mas não define o significado de “serviços médicos”, o que pode afetar os diversos serviços de saúde realizados por equipes multiprofissionais.

O substitutivo dá aos médicos a exclusividade do diagnóstico e da prescrição dos tratamentos. Dessa forma, retira da população o direito ao livre acesso aos profissionais de saúde sem que tenham que passar obrigatoriamente por uma consulta médica. O próprio relator do projeto pela Comissão de Educação e Cultura, deputado Lobbe Neto (PSDB-SP), afirmou que o texto aprovado provoca uma tutela dos médicos sobre outras profissões da área de saúde.

Assim, o PL não interessa somente aos médicos, mas a todos os profissionais da área de saúde. Ele desconsidera a discussão da atenção à saúde da população, ao papel dos profissionais da área de saúde no atendimento, suas responsabilidades e seus deveres. Sua aprovação pode trazer péssimas consequências para o atendimento de saúde da população.

O CRP-RJ não nega aos médicos o direito de terem uma regulamentação sobre sua profissão; porém, usando-a como pretexto, o projeto parece ser uma reserva de mercado disfarçada. E não podemos deixar de considerar significativo que quase todas as profissões da área da saúde - Biologia, Biomedicina, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Nutrição, Odontologia, Psicologia, Serviço Social e Técnicos em Radiologia - posicionaram-se de forma contrária ao projeto do Senado.

Como tentativa de evitar a aprovação do PL, o CRP-RJ enviou, na figura de seu conselheiro-presidente, José Novaes, uma carta a todos os deputados, explicando a posição dos profissionais de saúde. O Conselho continuará suas ações contra o Ato Médico e pede apoio de toda a categoria nessa luta. Assine o abaixo-assinado contra o PL do Ato Médico!

(Com informações do site da Câmara dos Deputados)

Clique aqui para assinar o abaixo-assinado contra o Ato Médico.

Leia o substitutivo aprovado.

Fonte: CRP/RJ

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Arquivos que me guardam

Um arquivo não nasce arquivo. Ele nasce outra coisa, ele tem uma finalidade. Se vira arquivo, é depois. Mas não existe arquivo pelo arquivo.
Existem arquivos mortos...
Existem arquivos bem vivos...
Existem aqueles que a gente tá sempre desarquivando...
Eu confesso: coleciono arquivos. Não sei me desfazer. Aliás, até sei. Mas não quero. É opção mesmo. Enquanto tiver espaço, vou guardando.
Já tive fases de sofrer muito pela perda de um arquivo: adolescência, benditos exageros! Sentia aquela perda por dias. Era cansativo.
Então, cansei mesmo. Chegou um momento em que eu percebi que os arquivos mais importantes tinham uma cópia, aqui dentro, bem no meu corpo.
Como tatuagem, feito aquela música do Chico. Arquivos gravados na minha memória. Um afeto produz uma marca, um efeito.
Daí, percebi que eu estava toda marcada. Afetivamente marcada, no corpo e na alma. E parei de me importar tanto com os arquivos materiais.
Se os perdi, os lamento enquanto ausência, mas não enquanto perda total. Não tem como dar perda total no que tá cravado na pele da gente...
Mas tem os arquivos-cicatrizes. Esses guardam lembranças mais doídas, por isso a gente procura nao mexer muito neles.
O mais importante do arquivo é que não somos nós que os guardamos; são eles que guardam a gente.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Sala de espera ou Fast Medicin

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Adotando a linha diário-eletrônico, resolvi narrar minha experiência com a fast medicin dos nossos tempos. Não sei se consigo transmitir como eu gostaria o que eu estou sentindo, mas tenho a meu favor a pobreza de emoções que uma situação assim é capaz de provocar: da monotonia à ansiedade com escala na mais profunda apatia. E só. Bom, talvez uma raivinha, bem inofensiva, ao final, mas é só isso.

Então, adentrei o consultório às 10h e 15min, mais ou menos. Eu já sabia que o atendimento era por ordem de chegada e que o ideal seria eu ter chegado lá às 9h (isso se eu quisesse esperar o menos possível ou, num golpe de sorte, ser a primeira paciente). Detalhe que o consultório só abre às 9h30min, o que obriga a cliente adiantada a ficar do lado de fora, no corredor, esperando até que a secretária da médica chegue para a abrir o consultório. Não foi o que eu fiz.

Em vez disso, telefonei antes – às 9h40min – pra confirmar se teria atendimento hoje mesmo (coisa minha: eu sempre confirmo antes, mesmo as coisas mais óbvias). Ninguém atendeu, o que me fez pensar que nesse caso, o óbvio, que seria a secretária me atender, não estava tão claro assim. “Ainda bem que eu liguei antes”, pensei, “quase que perco a viagem”.

Pelo sim, pelo não, eu ia sair de casa de qualquer maneira, então dei um tempinho e liguei de novo. Dessa vez, a secretária atendeu. Perguntei quantas mulheres tinham na minha frente (era uma consulta ginecológica). 11! Onze mulheres na “fila”, antes de mim. Mas tudo bem, eu ia assim mesmo. Sem desanimar, parti pra lá.

O desânimo veio depois de 2 horas de espera naquele consultório, assistindo ao entra e sai de pacientes: mães novas com seus bebês recém-chegados, acompanhadas dos maridões (que, a contragosto ou não, esperam ao lado delas), grávidas, não-grávidas (como eu), mulheres jovens, maduras e idosas! Sim, tinha umas senhorinhas lá, e a médica até queria que eu cedesse minha vez pra uma delas. Me desculpem, eu cedo lugar em ônibus, sou cortês, respeito o direito que eles têm de serem atendidos prioritariamente. Mas 3 horas de espera mudam a sua perspectiva sobre as coisas. E eu estava olhando aquilo com a perspectiva de alguém que não podia esperar um minuto sequer a mais. Que ceder minha vez coisa nenhuma! Desculpe, vovó (com todo o respeito).

Sim, porque a esta altura o relógio já marcava 13 horas! Foram 3 intermináveis horas de espera, e dá-lhe Marie Clare, né? Descobri numa revista do ano passado, que eu folheei na sala de espera, que Ana Paula Arósio não tem afinidade com o computador e que se surpreendeu ao pesquisar seu nome no google! Em outra reportagem, li que existe um certo perfil de mulher para quem não falta homem. A tese era que mulheres que se valorizam e mantêm sua auto-estima lá nas nuvens atraem os homens! Uma frase de destaque era a seguinte: “elas colecionam relacionamentos bem-sucedidos”. Como assim? Os relacionamentos terminaram e foram bem-sucedidos? Em quê? Alguém me ajuda? E olha que essa revista tem o slogan: “porque chique é ser inteligente”. Acho que o conceito de mulher inteligente dessas revistas femininas não é muito parecido com o meu…

Bom, deixa eu voltar à minha história. Lá pelas tantas, lembrei do post do Bruno sobre sua consulta de 5 minutos e resolvi cronometrar a minha também. A esta hora eu já tinha em mente tornar isso público através do blog e queria ser exata, ter números pra mostrar: “dá mais credibilidade à narrativa”, imaginei.

Assim que a médica me chamou e logo após eu ter me recusado (delicadamente) a ceder minha vez à senhora que estava ao meu lado – a médica aproveitou que ela estava distraída com a mesma revista que eu lia horas atrás – e fez um gesto pra que eu entrasse, ao que eu atendi com obediência canina. Não era a vez dela, gente, era a minha vez, entendam bem. Seria apenas uma cortesia, uma delicadeza que eu me senti no direito de não fazer, ora. E isso eu já expliquei.

Entrei e tratei logo de ligar o cronômetro do meu celular. Eu não ia perder essa oportunidade. Ao sair da consulta, verifiquei que o contador marcava 00:17:38:65. Dezessete minutos e trinta e oito segundos foi o tempo que durou a minha consulta. Uma espera de 3 horas, por 17 minutos de serviço. Saí com uma raivinha tola, que já desapareceu, e com uma justificada vontade de mudar de médica… Não que eu tenha esperança de ser melhor atendida, porque consulta de plano de saúde é vapt-vupt mesmo – o que é um absurdo! Mas pelo menos uma consulta com hora marcada, por favor, né?

Imagem: Upload feito originalmente por Eliza Freire no Flickr.

domingo, 4 de outubro de 2009

Pedra em flor

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As flores e as pedras

Contraste poético que minha lente captura.

Há poucos metros dali,

Pessoas conversam coisas que ouço,

mas não registro:

Somos eu, a câmera e a cena.

Enquanto me deixo atravessar

por afetos mundanos,

A vida segue ligeira e boa.

Um vento suave derruba mais flores

da árvore em cuja sombra me sento.

Palavras entrecortadas por cantos de pássaros

compõem a paisagem que, por minhas mãos,

se faz imagem estática.

Tanta poesia há na cidade…

desejos, afetos, vida!

Pedra em flor!