Sobre o blog

Vida de ponto-e-vírgula: o modo de vida assim nomeado define-se negativamente: não é ponto, mas também não é vírgula. A vírgula alterna as coisas com muita rapidez. O ponto final é sisudo, sempre encerra períodos! Bem melhor ser ponto-e-vírgula: uma pausa que não é definitiva, e uma retomada que sempre pode ser outra coisa...



sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Sala de espera ou Fast Medicin

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Adotando a linha diário-eletrônico, resolvi narrar minha experiência com a fast medicin dos nossos tempos. Não sei se consigo transmitir como eu gostaria o que eu estou sentindo, mas tenho a meu favor a pobreza de emoções que uma situação assim é capaz de provocar: da monotonia à ansiedade com escala na mais profunda apatia. E só. Bom, talvez uma raivinha, bem inofensiva, ao final, mas é só isso.

Então, adentrei o consultório às 10h e 15min, mais ou menos. Eu já sabia que o atendimento era por ordem de chegada e que o ideal seria eu ter chegado lá às 9h (isso se eu quisesse esperar o menos possível ou, num golpe de sorte, ser a primeira paciente). Detalhe que o consultório só abre às 9h30min, o que obriga a cliente adiantada a ficar do lado de fora, no corredor, esperando até que a secretária da médica chegue para a abrir o consultório. Não foi o que eu fiz.

Em vez disso, telefonei antes – às 9h40min – pra confirmar se teria atendimento hoje mesmo (coisa minha: eu sempre confirmo antes, mesmo as coisas mais óbvias). Ninguém atendeu, o que me fez pensar que nesse caso, o óbvio, que seria a secretária me atender, não estava tão claro assim. “Ainda bem que eu liguei antes”, pensei, “quase que perco a viagem”.

Pelo sim, pelo não, eu ia sair de casa de qualquer maneira, então dei um tempinho e liguei de novo. Dessa vez, a secretária atendeu. Perguntei quantas mulheres tinham na minha frente (era uma consulta ginecológica). 11! Onze mulheres na “fila”, antes de mim. Mas tudo bem, eu ia assim mesmo. Sem desanimar, parti pra lá.

O desânimo veio depois de 2 horas de espera naquele consultório, assistindo ao entra e sai de pacientes: mães novas com seus bebês recém-chegados, acompanhadas dos maridões (que, a contragosto ou não, esperam ao lado delas), grávidas, não-grávidas (como eu), mulheres jovens, maduras e idosas! Sim, tinha umas senhorinhas lá, e a médica até queria que eu cedesse minha vez pra uma delas. Me desculpem, eu cedo lugar em ônibus, sou cortês, respeito o direito que eles têm de serem atendidos prioritariamente. Mas 3 horas de espera mudam a sua perspectiva sobre as coisas. E eu estava olhando aquilo com a perspectiva de alguém que não podia esperar um minuto sequer a mais. Que ceder minha vez coisa nenhuma! Desculpe, vovó (com todo o respeito).

Sim, porque a esta altura o relógio já marcava 13 horas! Foram 3 intermináveis horas de espera, e dá-lhe Marie Clare, né? Descobri numa revista do ano passado, que eu folheei na sala de espera, que Ana Paula Arósio não tem afinidade com o computador e que se surpreendeu ao pesquisar seu nome no google! Em outra reportagem, li que existe um certo perfil de mulher para quem não falta homem. A tese era que mulheres que se valorizam e mantêm sua auto-estima lá nas nuvens atraem os homens! Uma frase de destaque era a seguinte: “elas colecionam relacionamentos bem-sucedidos”. Como assim? Os relacionamentos terminaram e foram bem-sucedidos? Em quê? Alguém me ajuda? E olha que essa revista tem o slogan: “porque chique é ser inteligente”. Acho que o conceito de mulher inteligente dessas revistas femininas não é muito parecido com o meu…

Bom, deixa eu voltar à minha história. Lá pelas tantas, lembrei do post do Bruno sobre sua consulta de 5 minutos e resolvi cronometrar a minha também. A esta hora eu já tinha em mente tornar isso público através do blog e queria ser exata, ter números pra mostrar: “dá mais credibilidade à narrativa”, imaginei.

Assim que a médica me chamou e logo após eu ter me recusado (delicadamente) a ceder minha vez à senhora que estava ao meu lado – a médica aproveitou que ela estava distraída com a mesma revista que eu lia horas atrás – e fez um gesto pra que eu entrasse, ao que eu atendi com obediência canina. Não era a vez dela, gente, era a minha vez, entendam bem. Seria apenas uma cortesia, uma delicadeza que eu me senti no direito de não fazer, ora. E isso eu já expliquei.

Entrei e tratei logo de ligar o cronômetro do meu celular. Eu não ia perder essa oportunidade. Ao sair da consulta, verifiquei que o contador marcava 00:17:38:65. Dezessete minutos e trinta e oito segundos foi o tempo que durou a minha consulta. Uma espera de 3 horas, por 17 minutos de serviço. Saí com uma raivinha tola, que já desapareceu, e com uma justificada vontade de mudar de médica… Não que eu tenha esperança de ser melhor atendida, porque consulta de plano de saúde é vapt-vupt mesmo – o que é um absurdo! Mas pelo menos uma consulta com hora marcada, por favor, né?

Imagem: Upload feito originalmente por Eliza Freire no Flickr.

2 comentários:

Patrick disse...

Pelo menos não foi no hospital de Cantagalo, aquele açougue maldito!

Gospel Tuned disse...
Este comentário foi removido pelo autor.