Um arquivo não nasce arquivo. Ele nasce outra coisa, ele tem uma finalidade. Se vira arquivo, é depois. Mas não existe arquivo pelo arquivo.
Existem arquivos mortos...
Existem arquivos bem vivos...
Existem aqueles que a gente tá sempre desarquivando...
Eu confesso: coleciono arquivos. Não sei me desfazer. Aliás, até sei. Mas não quero. É opção mesmo. Enquanto tiver espaço, vou guardando.
Já tive fases de sofrer muito pela perda de um arquivo: adolescência, benditos exageros! Sentia aquela perda por dias. Era cansativo.
Então, cansei mesmo. Chegou um momento em que eu percebi que os arquivos mais importantes tinham uma cópia, aqui dentro, bem no meu corpo.
Como tatuagem, feito aquela música do Chico. Arquivos gravados na minha memória. Um afeto produz uma marca, um efeito.
Daí, percebi que eu estava toda marcada. Afetivamente marcada, no corpo e na alma. E parei de me importar tanto com os arquivos materiais.
Se os perdi, os lamento enquanto ausência, mas não enquanto perda total. Não tem como dar perda total no que tá cravado na pele da gente...
Mas tem os arquivos-cicatrizes. Esses guardam lembranças mais doídas, por isso a gente procura nao mexer muito neles.
O mais importante do arquivo é que não somos nós que os guardamos; são eles que guardam a gente.
Um comentário:
Muito bom!
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