Themis, deusa da Justiça. Quadro de Kinuko Y Craft.
Quando soube, pela TV, que o pedreiro Ademar Jesus da Silva fora encontrado morto na cela da Delegacia de Combate a Narcóticos (Goiânia), no domingo 18/04, quase não acreditei, mas é verdade. A versão da polícia é a de que o assassino confesso dos seis rapazes de Luziânia teria cometido suicídio, enforcando-se com o tecido de um colchão.
Trata-se de uma reviravolta no caso, e é preciso cobrar explicações das autoridades competentes. Como bem colocou o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, o sistema carcerário brasileiro é "falho e desumano, [e] acaba estimulando o crime ao invés de proporcionar a recuperação do apenado".
Ophir Cavalcante disse ainda, em nota publicada pela OAB, que “agora não mais teremos uma só investigação sobre as circunstâncias que levaram um juiz a liberar um psicopata, mas outra para saber como esse psicopata, depois de assassinar seis garotos, morreu sob a vigilância do Estado".
O representante da OAB parece não estar convencido da veracidade da versão apresentada pela Polícia, de que o pedreiro teria cometido suicídio. Como ele, estamos atentos aos próximos acontecimentos do caso Ademar, esperando que a policía apresente esclarecimentos o quanto antes à sociedade.
Não podemos mais tolerar a falta de explicações plausíveis e a ineficência do Estado em matéria de segurança pública. Também já chegou ao limite do intolerável o descaso para com a garantia constitucional dos direitos humanos dos presos brasileiros. A morte de Ademar é mais um capítulo de uma história cheia de escândalos, ineficiência do Estado e violações de direitos, que se confunde com a própria história do sistema penitenciário em nosso país.
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4 comentários:
Estar sob a tutela do Estado no Brasil é estar em um mundo sem lei, com apoio dos "cidadãos de bem".
O pior é que muita gente ainda diz: bem feito pra ele.
e a historia vai ficar sem ser contada e ninguem mais vai querer saber por que soltaram uma pessoa que oferecia perigo à sociedade e só o "como" ele morreu.
veja meu post novo sobre a belo monte
http://diplomassinha.blogspot.com/
É o fim errado de uma história que já começou errada: condenado a 14 anos de prisão por ter abusado de dois meninos, Adimar só cumpriu quatro anos, tudo devido a leniência da lei;
alertado o judiciário sobre a necessidade de tratamento psicológico de Adimar, o Estado só lhe ofereceu duas sessões;
a avaliação psiquiátrica feita não conseguiu detectar nenhum problema no homem (despreparo da profissional ou necessidade de que ela o avaliasse mais vezes?).
Deu no que deu: seis jovens mortos, além do próprio Adimar.
Crimes de menor potencial ofensivo deveriam ter penas alternativas à privação de liberdade.
Presos por crimes de maior potensial ofensivo, mas não por crimes hediondos, devem ter direito de progressão de regime, incluindo o livramento condicional.
Presos por crimes hediondos deveriam cumprir integralmente a pena.
Doentes mentais, considerados inimputaveis, recebem medidas de segurança e quando devidamente tratados seu prognostico é favorecido com tratamento em saude mental e dificilmente voltam a delinquir.
Psicopatas, criminosos com transtorno global de personalidade , não deveriam ser considerados inimputaveis, nem ter acesso a progressão de regime. Deveriam ser criteriosamente observados por psiquiatras forenses. Nos paises mais adiantados são monitorados eletronicamente.
Quando o proprio pessoal que atua no sistema atuar com inteligencia , não se identificando com o que há de pior nestes psicopatas outras vitimas não seriam presas tão faceis. O psicopata desqualifica as vitimas para justificar seu ato criminoso. Aqueles que os defendem sem criterio participam com eles do sadismo que sentencia outras vitimas e toda a sociedade.
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