Sobre o blog

Vida de ponto-e-vírgula: o modo de vida assim nomeado define-se negativamente: não é ponto, mas também não é vírgula. A vírgula alterna as coisas com muita rapidez. O ponto final é sisudo, sempre encerra períodos! Bem melhor ser ponto-e-vírgula: uma pausa que não é definitiva, e uma retomada que sempre pode ser outra coisa...



quinta-feira, 30 de julho de 2009

Micro-conto: a dúvida

Lamentava a falta de amigos e passar os fins-de-semana assistindo filme no DVD, sozinho. Hoje, tem quatro convites pra sair e  lamenta ter que optar. Acha que vai acabar dispensando todos pra não ter que magoar ninguém. Além do mais, o filme já está alugado.

Bia Loivos

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Foto: Mr. Tea para o Flickr.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Micro-conto: insônia

Deitou-se. Virou-se, mexeu-se, cobriu-se. Suou. Não tinha sono, levantou-se. Pegou um livro, era ruim. Ligou a TV e dormiu.

Bia Loivos.

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Foto: elescher68 para o Flickr.

Micro-conto: vida real

Sempre esperou pelo príncipe encantado. Quando encontrou, descobriu que preferia o cara cheio de defeitos que dispensara um ano antes e que estava de casamento marcado com outra!

Bia Loivos.

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Foto: Muneera para o Flickr.

sábado, 25 de julho de 2009

Partir, andar

Composição: Herbert Vianna

Partir, andar, eis que chega
É essa velha hora tão sonhada
Nas noites de velas acesas
No clarear da madrugada
Só uma estrela anunciando o fim
Sobre o mar, sobre a calçada
E nada mais te prende aqui
Dinheiro, grades ou palavras
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Partir, andar, eis que chega
Não há como deter a alvorada
Pra dizer, um bilhete sobre a mesa
Pra se mandar, o pé na estrada
Tantas mentiras e no fim
Faltava só uma palavra
Faltava quase sempre um sim
Agora já não falta nada
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Eu não quis
Te fazer infeliz
Não quis
Por tanto não querer
Talvez fiz.

História em quadrinhos

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sexta-feira, 24 de julho de 2009

Desejos realizados… Ou quase isso

Então eu fui comer a torta ontem (a tão desejada e esperada torta fartamente recheada, com pedaços de morango e de chocolate com leite condensado - enfim, tudo de bom) e com direito à praia, ventinho no rosto e corujas!

Sim, elas estavam lá, guardando seu ninho das minhas desavisadas investidas com intuito de fotografá-las. Antes que alguma coisa me acontecesse, resolvi deixar os bichinhos em paz.

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***

Depois foi a vez do sorvete: resolvi matar todas as vontades no mesmo dia.

Descobri num site que a maioria dos sorvetes de pistache não é de pistache, mas uma mistura de essência de amêndoa artificial com corante verde - cor que um legítimo sorvete de pistache jamais teria! Meio que fiquei chateadinha por saber dessa abominável história, mas quer saber? E daí se eu sempre tomei o falso e é DO FALSO que eu gosto? Viva os simulacros! Além do mais, eu saio ganhando, porque, segundo o mesmo site, é muito raro encontrar o verdadeiro nas sorveterias, mesmo nas mais famosas, que oferecem 300 sabores diferentes :0 !

O pior foi que o sorvete de pistache que eu tomei não matou minha vontade, porque tinha um - surpreendente - sabor de cerejas! Logo, nem falso ele era, já que pra ser falso tinha que ter gosto de amêndoa. Deve ser quase a mesma sensação de tomar um suco de limão, que parece de laranja, mas tem gosto de tamarindo, na Tienda del Chavo.

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quarta-feira, 22 de julho de 2009

Eu quero…

jabuticaba - christian fukuda Jabuticaba

bolo de chocolate com morangos e leite condensado - renata diem cópia Bolo de chocolate com morangos

sorvete de pistache- garfada sorvete de pistache


Créditos:

foto 1: Jabuticaba – Christian Fukuda para o flickr;

foto 2: Bolo de chocolate com morango e leite condensado – Renata Diem para o flickr;

foto 3: Sorvete de Pistache – Garfada para o flickr.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Frase blergh da semana – parte 2

Antes, preciso confessar que foi muito difícil escolher a frase desta semana. Quando vi na televisão a notícia de que a mulher do Kaká tinha virado pastora da Igreja Renascer em Cristo (a mesma daquele escândalo envolvendo a pastora Sônia Hernandes e seu marido, por crime de conspiração e contrabando de dinheiro), com direito a videozinho com partes da pregação de Caroline, não tive dúvida. A vítima, ops, quero dizer, a porta-voz da frase blergh seria ela! Mas tudo se complicou bastante depois que assisti de novo aos vídeos, porque o discurso da pastora Carol é repleto de pérolas. Um prato cheio, sem exagero.

Diante disso, abri uma exceção e, em vez de uma, desta vez teremos duas frases blerghs da semana. Isso é que é ficar bem na foto, hein, Carolzinha.

Então, vamos lá.

A pastora Caroline Celico sentencia:

“Adolescência no mundo é só prostituição; é fumar, é beber, é se drogar”.

- Durante sua primeira pregação na igreja evangélica Renascer em Cristo, a esposa do Kaká contou que quando o casal anunciou o casamento, eles sofreram muitas críticas, várias pesssoas vieram dizer que ela não deveria desperdiçar sua adolescência e tal. Aí, Carolzinha soltou essa.

Eu fico só pensando em todos os adolescentes nerds, que passam o dia no computador, ou nos CDF’s, que só pensam em nota alta, ou em mim mesma, que nem uma coisa nem outra, só queria saber de ver TV, ler meus livros, brincar no quintal, etc, etc, etc., e também nas adolescentes que se prostituem por falta de assistência do Estado e aqueles que se entregam às drogas pelo mesmo motivo… Em todos os que não se encaixam no triste (e limitado) padrãozinho em que a jovem pastora acredita. Enfim, deixa pra lá. A ironia é que pra converter os que estavam ali – os que já estavam convertidos, por sinal – , ela perdeu um montão. Paciência… Não se pode ter tudo.

Mas o melhor eu guardei pro final: pasmem, a esposa do Kaká tem uma explicação pra crise financeira mundial que vai deixar muito economista desempregado por aí. Confiram.

“Outro dia eu estava pensando: como pode no meio da crise alguém ter dinheiro? O dinheiro do mundo tem que tá em algum lugar. E Deus colocou esse dinheiro na mão de quem? Do Real Madrid, pra contratar o Kaká. Foi uma grande bênção."

Segundo ela, esse dinheiro vai financiar a abertura de uma igreja em Madri, sob o comando da pastora Carol.

Gente, falando sério: não dá, não dá mesmo pra eu entender isso. A pastora que fundou a Renascer e o marido dela cumpriram pena por crime de contrabando de dinheiro! E agora a esposa do Kaká sobre no púlpito da Renascer, ao lado da pastora Sônia, fala esses absurdos e anuncia que abrirá uma igreja (filial?) na Espanha, para “ajudar as pessoas”.

Alguma coisa está definitivamente fora de ordem.

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Carol Celico vai às compras em Milão – com o dinheiro que Deus botou na mão do Real Madrid pra contratar o Kaká e que agora o Kaká vai usar para as obras de Deus – no sentido literal. Eita dinheirinho suado!

domingo, 12 de julho de 2009

Frases de afeto

“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.”

“Se o amor é fantasia, eu me encontro ultimamente em pleno carnaval.”

– Vinicius de Moraes.

"O mal definitivo é que o tempo se esvai continuamente e que existir envolve eliminação. Tudo desaparece: alternativas excluem".

– Jonh Gardner.

“Se me esqueceres, só uma coisa, esquece-me bem devagarinho.”

“A arte de viver é simplesmente a arte de conviver ... simplesmente, disse eu? Mas como é difícil!”

“- Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!
- Você é louco?
- Não, sou poeta.”


“Quando duas pessoas fazem amor
Não estão apenas fazendo amor
Estão dando corda ao relógio do mundo.”

– Mário Quintana

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“Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia”

“O mais importante e bonito do mundo é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, mas que elas vão sempre mudando.”

“O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem”

“As coisas mudam no devagar depressa dos tempos”.

– João Guimarães Rosa.

“Porque nada do que foi feito satisfaz a vida , nada enche a vida
A vida é viver”.

– Ferreira Gullar

“Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.”

“Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...
Ou toca, ou não toca.”

– Clarice Lispector

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Vida e obra de Euclides da Cunha no “De Lá Pra Cá” da TV Brasil

O programa desta segunda-feira será dedicado a Euclides da Cunha, um dos maiores escritores da língua portuguesa. Para conversar sobre o autor de "Os Sertões", o "De Lá Pra Cá" convidou especialistas e escritores de renome nacional. Leitura obrigatória para quem deseja conhecer a história do Brasil, a obra-prima de Euclides trata da barbárie do massacre de Canudos (BA), objeto de inúmeros estudos acadêmicos.

Para entrevistar personalidades literárias, o programa viajou até à Festa Literária Internacional de Paraty que reúne, anualmente, intelectuais e escritores. A equipe da TV Brasil visitou também Canudos para buscar novidades sobre o desfecho sangrento do massacre. Ao escolher Euclides da Cunha como tema desta segunda-feira, o "De Lá Prá Cá" soma-se a outras tantas homenagens que estão acontecendo Brasil afora por conta do centenário de sua morte.

Da cidade histórica de Paraty, o escritor amazonense Milton Hatoum vai falar sobre a viagem de Euclides à sua terra natal. O coordenador da mesa na FLIP O Mar e Os Sertões - Euclides da Cunha, 360 graus, o jornalista Daniel Piza, refez o caminho percorrido pelo escritor na expedição à região do alto Purús, na Amazônia.

O professor Francisco Foot, da Unicamp, abordará as qualidades literárias do autor de Os Sertões. Já a especialista na obra euclidiana e professora da USP, Walnice Galvão, vai fazer uma análise de Os Sertões e  situa  Euclides e sua obra no Brasil do início da República.

De Cantagalo, onde nasceu o escritor, a doutora em literatura Anabelle Loivos fará comentários sobre a biografia do escritor.

O De Lá Pra Cá é apresentado por Ancelmo Gois e Vera Barroso e vai ao ar na segunda-feira (13), às 22h, na TV Brasil.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Deleuze, Spinoza, Vinicius e eu…

O relógio marca uma hora e dois minutos. A madrugada está silenciosa, exceto pelo som que meus dedos extraem das teclas enquanto digito. O monitor do meu computador dá sinais de cansaço, e é difícil ler o que estou escrevendo, porque as imagens na tela aparecem borradas. Minhas costas doem um pouco, mas persisto. Desliguei o msn há poucos minutos, e decidi que ia dormir, mas lembrando de um papo na faculdade hoje mais cedo, em que alguém falou em Espinosa (Baruch de Spinoza), deu vontade de ler alguma coisa. Reler, na verdade.

Abri o site Dossiê Gilles Deleuze e escolhi Spinoza e nós, do livro Spinoza – Filosofia Prática, de Gilles Deleuze. Aliás, este livro, eu o tenho. Nele, o autor trata da questão do que é ser espinosista. O que é o modo de viver de quem encara a vida como Spinoza.

Estou tentando entender um pouco melhor o que é isso. Acho que Vinicius de Moraes era um espinosista (não sei se declarado ou não, mas como diz Deleuze, “a gente se torna então espinosista antes de ter percebido o porquê.”). Vinicius disse: “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”.

Para Espinosa, segundo nos ensina Deleuze, o corpo é definido de duas formas: uma, cinética, diz respeito às relações de movimento e de repouso, de velocidades e lentidões. Sãos elas que definem o que é um corpo. Mas não só elas. Há uma segunda forma pela qual os corpos são definidos: é a forma dinâmica, segundo a qual os corpos afetam e são afetados. Relaciona-se com os afetos de que um corpo é capaz.

“(…)é pela velocidade e lentidão que a gente desliza entre as coisas, que a gente se conjuga com outra coisa: a gente nunca começa, nunca se recomeça tudo novamente, a gente desliza por entre, se introduz no meio, abraça-se ou se impõe ritmos.”

“Concretamente, se definirmos os corpos e os pensamentos como poderes de afetar e de ser afetado, muitas coisas mudam.
Definiremos um animal, ou um homem, não por sua forma ou por seus órgãos e suas funções, e tampouco como sujeito: nós o definiremos pêlos afetos de que ele é capaz.
Capacidade de afetos, com um limiar máximo e um limiar mínimo, é uma noção freqüente no pensamento de Espinosa.”

Não se pode saber antecipadamente o que pode um corpo. Não sabemos de antemão os afetos de que somos capazes. Tal saber nos é possível apenas a partir da experimentação, dos encontros com outros corpos, e dos agenciamentos que vamos produzir. Composição e decomposição, movimento e repouso, velocidade e lentidão, capacidade de afetar e de ser afetado. Por isso lembrei de Vinicius. A figura do poeta que tinha sede de vida, que se entregou aos encontros com uma audácia da qual poucos são capazes…

O texto deleuziano tem beleza. Seduz. Provoca. Faz pensar. É inquietante, como a Ética de Espinosa.

Uma hora e 47 minutos: vou finalmente pra cama, me perguntando quais os afetos de que sou capaz e pensando numa conversa com um amigo (Sérgio, do blog http://www.ocampones.wordpress.com/) , há alguns dias, em que falávamos justamente sobre as diferenças entre os dois planos em que estamos situados e a partir do qual falamos: ele, o da transcendência; eu, o da imanência. A conversa foi a continuação de um debate iniciado a partir de um post meu, que gerou um post dele, em seu blog, dias antes.

Muitas outras coisas passam pela minha cabeça, e todas estão, de alguma forma, relacionadas com tudo isso que é a existência.

Vou encontrar-me com a cama, o edredom e experimentar a capacidade de ser afetada por eles. Uma hora e 56 minutos. A madrugada segue tranquila e, agora, mais silenciosa. Calarei o teclado. Minha voz, não!